terça-feira, 7 de junho de 2022

Jim Morrison Poeta



Estes poemas vão certamente alterar a sua percepção da realidade
Numa viagem a Paris no início de 2019, visitei Père Lachaise. É o maior cemitério da cidade, dentro do qual algumas das mais respeitadas personalidades artísticas repousam. Desde Oscar Wilde a Chopin, de Honoré de Balzac a Molière, é um santuário para aqueles cujo trabalho alcançou reconhecimento global e que, até aos dias de hoje, permanece inesquecível. A necrópole estende-se por 44 hectares e é a residência de mais de 70,000 sepulturas, mas existe uma campa em específico que é constantemente visitada. Pertence a James Douglas Morrison, ou simplesmente Jim, o vocalista da banda de rock americana The Doors.
Quando ouve o nome Jim Morrison, pensa imediatamente numa estrela de rock sex symbol: um homem com uma juba selvagem de caracóis, combinando calças de pele skin-tight e camisas brancas generosamente abertas, a segurar um microfone e a cantar erraticamente sobre mulheres, sociedade e melancolia. É compreensível que o associe em primeiro lugar à sua música; afinal, Morrison é uma das principais vozes da contracultura da década de 60. Misturando arranjos musicais de blues psicadélicos com comentários radicais, as vendas de mais de 100 milhões de álbuns são um reflexo adequado das suas músicas geniais.


Pondo de lado o estatuto de rockstar icónico, Morrison queria antes de tudo ser lembrado pela sua escrita. As suas composições não caiam simplesmente do céu escaldante de Los Angeles; este era um leitor voraz desde pequeno, preferindo prosa moral como a escrita de Charles Baudelaire, Friedrich Nietzsche, Jean Cocteau e William Blake. O cantor escolheu o nome dos The Doors de um texto de William Blake: “If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite” (leia-se, “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”). Morrison queria convidar pessoas para uma revolução verbal e conseguiu - mas através da sua fonte secundária de música, em vez da fonte primária de poesia.
Durante a sua vida, Morrison lutou constantemente para ser reconhecido enquanto um poeta-profeta. Precisa apenas de pensar nas letras de músicas como Unknown Soldier, The End e Riders On The Storm como prova das suas percepções eruditas. As letras de Riders completa estrofes da The Hitchhiker - um dos poemas mais lidos de Morrison, que aborda a fragilidade da vida humana. Em 1969, auto-publicou dois volumes distintos da sua poesia, antes de se mudar para Paris em 1971 para escapar à sua fama e se concentrar nas suas explorações literárias. Vagueava pela cidade sozinho, escrevia no Café De Flore e Les Deux Magots, integrando-se num estilo de vida à francesa.
O dom de um vasto imaginário de Jim Morrison era, para as massas, ofuscado pelo seu estilo de vida controverso que envolvia drogas. O que não deixa de ser irónico tendo em conta que foi arrastado para este mundo, em parte como resultado de um intenso holofote da fama que a sua mente boémia não aguentava. A vida de Morrison é um conto de advertência trágico e produziu um legado tanto de melodias como de versos. As gravações da sua poesia falada foram sobrepostas no álbum dos The Doors, de 1978, An American Prayer, e um livro com alguns dos seus poemas perdidos, intitulado de Wilderness, tornou-se um New York Times bestseller instantaneamente em 1988.
Notei numa dedicatória em grego quando estava a observar o túmulo de Morrison em Père Lachaise: Κατά τον δαίμονα εαυτού. Traduz-se aproximadamente para “Verdadeiro ao seu próprio espirito”. Dado que este artista nascido na Flórida, criado na Califórnia repousa em França, entre algumas das mais importantes influências literárias, é seguro afirmar que esta é uma forma justa de o descrever.


A GQ reuniu alguns dos mais célebres poemas de Morrison e os seus principais versos. Claro, todos adoramos Baudelaire, mas Morrison foi um poeta místico e um herói literário cujo trabalho merece ser celebrado. Passemos então para a sua linguagem filosófica…


1. Awake

A primeira coisa a saber sobre a poesia de Morrison: adorava o surrealismo. Basicamente mergulhava os seus versos nele. Estrutura rimática? Não era algo ao qual subscrevesse. A sua ambiguidade torna por vezes os seus poemas difíceis de decifrar, mas não será essa a natureza da palavra escrita? Tomemos Awake como exemplo. Ler o poema é como entrar numa pintura de Cézanne: perdemos-nos nas pinceladas pesadas, no entanto é fácil aceitar o seu convite para nos abrirmos aos nossos desejos. Acordar quando adormece e acolher um sonho quente? Soa fácil - percebido, Jim.

Versos principais

We laugh like soft mad children
Smug in the woolly cotton brains of infancy
The music and voices are all around us.


2. Power

A principal razão pela qual as pessoas adoravam (e ainda adoram) Jim Morrison: lutava abertamente pelo empoderamento, utilizando a sua voz para promover o poder da possibilidade e o poder do individual. Caso em questão: Power. Assim que o lê, sente que pode ir em frente com tudo o que quiser. Morrison acredita que pode fazer o planeta Terra parar, por isso, se quer alcançar o seu sonho de vida, leia este poema e reacenda o impulso para o atingir. A garantia de um sucesso dourado não é o objetivo; é sobre entender o mérito que existe no simples ato de tentar.

Versos Principais

I can make myself invisible or small
I can become gigantic and reach the farthest things
I can change the course of nature
I can place myself anywhere in space or time.


3. If Only I

A mente de Morrison encontrava-se cheia de saudade: conseguia frequentemente criar paisagens oníricas como estrofes e este poema é uma representação perfeita disso mesmo. É relativamente simples: invoca uma lista do que gostaria de voltar a sentir, como os sons de pardais e a inocência da infância, uma saudade pelas primeiras fases da vida. O que é que isso significa então? Que está farto de crescer? Essa ideia certamente faz sentido com o conteúdo das letras de Jim. Mas essa foi a razão para o seu estatuto tão respeitado ao longo da década de sessenta; ele abordava as diferentes fases da vida de uma maneira radicalmente visionária. Este poema não necessita de qualquer tipo de música por trás - os versos agarram-nos sozinhos.

Versos Principais

If only I could feel me pulling back again and feel embraced by reality again
I would die
Gladly die.


4. The Hitchhiker

Deve conhecer este poema na sua versão musical. Procure The Doors no Spotify e encontrará como a sua mais conhecida música a Riders On The Storm. Encontra-se no último álbum da banda que incluiu Morrison, LA Woman, e o seu estatuto enquanto o êxito mais cativante da banda é bem merecido. Por uma razão acima de todas as outras: as letras. Um facto divertido: o título original era The Hitchhiker - um brilhante poema conversacional que aparentemente questiona a essência de como a maioria das pessoas pensa na vida. Sente-se disposto a apertar mãos com os seus instintos primordiais, poeticamente falando? Este é um bom lugar para começar.

Versos Principais

Riders on the storm
Into this world we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor out on loan.


5. The Opening of the Trunk

O “baú” do título é bem mais pesado do que seria de pensar. Morrison levanta a tampa da vida neste poema e o seu conteúdo entorna-se no chão. A mente abre-se, a alma começa a vaguear em procura de liberdade, classifica os Estados Unidos com um marco distópico, ascende a um palco em frente à sociedade, afirma que é um humano estranho e depois sugere que pode guiar uma rapariga com sonhos até ao Labirinto. Morrison pode ter escrito este poema gráfico num sentido (bastante) metafórico, mas, no final, estamos naturalmente a visioná-lo sentado num trono no centro de um labirinto. Será que alguém chegará ao centro? Morrison certamente não nos facilitou a jornada, mas encontramos-nos certamente prontos.

Versos Principais

Let's re-create the world
The palace of conception is burning
Look.
See it burn
Bask in the warm hot coals.


6. Stoned Immaculate

Voltamos a uma configuração mais realista para a última escolha. Imagine Whisky A Go Go, a discoteca mais famosa dos anos sessenta onde bandas como The Doors tocavam e um sítio onde Morrison se divertia com extensa intensidade. Se este fosse ler a sua poesia em vez de uma performance musical nesta discoteca, é provável que começasse por Stoned Immaculate. Começa com “I’ll tell you this…” (Digo-te isto…) e depois avança para uma rejeição das noções de vida após a morte no pensamento ocidental. Refere-se à morte como uma “eternal reward” (recompensa eterna), mas prossegue declarando que não haverá perdão a não ser que aceitemos amanheceres incertos. É o tipo de poesia que nos faz viver sem medo. Não é fácil, mas fará com que Morrison dê voltas na campa se não o fizer.

Versos principais

Soft driven, slow and mad
Like some new language
Reaching your head with the cold, sudden fury of a divine messenger
Let me tell you about heartache and the loss of God
Wandering, wandering in hopeless night.



Fonte
Faye Fearon
https://www.gqportugal.pt/jim-morrison-poemas








Jim Morrison - Awake lyrics



Jim Morrison - Power



Jim Morrison - If Only I



Jim Morrison - The Hitchhiker



Jim Morrison - The Opening of the Trunk



Jim Morrison - Stoned Immaculate



The Doors - Indian Summer 



The Doors - Love Street



The Doors - Riders on the Storm



The Doors - People Are Strange 1967



The Doors - Been Down So Long (Alternate Version)



The Doors - The End (Full) Apocalypse Now (1979)



The Doors - Ghost Song



Jim Morrison Tribute - Adagio in G minor



Shirley Bassey - Light My Fire / Big Spender (1973 TV Special)



Stevie Wonder - Light My Fire



Official Jim Morrison Tribute - Lizard King



Jim Morrison falando sobre como gostaria de morrer (13/10/1970)








domingo, 30 de janeiro de 2022

Liev Tolstói



Lev Nikolaevitch Tolstoi, Governorado de Tula, 9 de setembro de 1828 - Astapovo, 20 de novembro de 1910), foi um escritor russo, amplamente reconhecido como um dos maiores de todos os tempos.
Nascido em 1828, em uma família aristocrática, Tolstói é conhecido pelos romances Guerra e Paz (1869) e Anna Karenina (1877), muitas vezes citados como verdadeiros pináculos da ficção realista. Ele alcançou aclamação literária ainda jovem, primeiramente com sua trilogia semi-autobiográfica, Infância, Adolescência e Juventude (1852-1856) e por suas Crônicas de Sebastopol (1855), obra que teve como base suas experiências na Guerra da Crimeia. A ficção de Tolstói inclui dezenas de histórias curtas e várias novelas como A Morte de Ivan Ilitch (1886), Felicidade Conjugal (1859) e Hadji Murad (1912). Ele também escreveu algumas peças e diversos ensaios filosóficos.


Durante a década de 1870, Tolstói experimentou uma profunda crise moral, seguida do que ele considerou um despertar espiritual igualmente profundo, conforme descrito em seu trabalho não-ficcional A Confissão (1882). Sua interpretação literal dos ensinamentos éticos de Jesus, centrada no Sermão da Montanha, fez com que ele se tornasse um fervoroso anarquista cristão e pacifista. As ideias de Tolstói sobre resistência não-violenta, expressadas em obras como O Reino de Deus está dentro de vós (1894), teriam um impacto profundo em figuras centrais do século XX como Ludwig Wittgenstein, William Jennings Bryan e Gandhi. Tolstói também se tornou um defensor dedicado do Georgismo, filosofia econômica de Henry George, incorporada em sua obra intelectual, sobretudo em seu último romance Ressurreição (1899).


1. Vida e carreira

O jovem Tolstói, 1854

Tolstói nasceu em Iasnaia Poliana, uma propriedade familiar localizada a 12 quilômetros do sudoeste de Tula e a 200 km a sul de Moscou. Os Tolstói eram uma família prestigiada pela nobreza da Rússia, pois descendem de um famoso nobre do Império Lituano chamado Indris. Liev foi o quarto dos cinco filhos do Conde Nikolai Ilitch Tolstoi, um veterano da Invasão francesa da Rússia, e a Condessa Maria Tolstaia (Volkonskaia). Os pais de Tolstói morreram quando ele era jovem, o que levou ele seus irmãos a serem criados por parentes. Em 1844, os irmãos Tolstoy começaram a estudar direito e línguas orientais na Universidade de Cazã. Seus professores o descreveram como "incapaz e sem interesse pelo aprendizado". Tolstói abandonou a Universidade no meio do curso, retornou à Iasnaia Poliana e passou a maior parte de seu tempo em Moscou e São Petersburgo. Em 1851, depois de ter acumulado muitas dívidas, ele e seu irmão mais velho foram para o Cáucaso e juntaram-se ao exército. Foi a partir dessa experiência que ele começou a escrever.
A experiência no exército seguida de duas viagens pela Europa (em 1857 e 1860) foram muito marcantes para Tolstói, transformando-no, definitivamente, em um anarquista pacifista. Outros que seguiram caminhos análogos foram Alexander Herzen, Mikhail Bakunin e Peter Kropotkin. Durante sua primeira viagem pela Europa, Tolstói testemunhou uma execução pública em Paris, experiência que lhe foi traumática. Numa carta enviada ao seu amigo Vasily Botkin, ele escreveu: "A verdade é que o Estado é uma conspiração desenhada não somente para explorar, mas acima de tudo para corromper seus cidadãos... de agora em diante, eu jamais servirei a governo algum e em todo lugar." O conceito de Tolstói de não-violência ou Ahimsa foi reforçado quando ele leu uma tradução alemã dos versos sagrados Tirukkural. Mais tarde, ele sugeriu esse estilo de vida ao jovem Mahatma Gandhi através de sua Carta ao Hindu. Na época Gandhi procurava conselhos de Tolstói por meio de correspondências.
Durante sua segunda viagem pela Europa, Tolstói foi influenciado política e literariamente por Victor Hugo. Essa influência ficou evidente na obra Guerra e Paz (1865), em que Tolstói descreve as batalhas de maneira semelhante à de Os Miseráveis, obra-prima de Hugo. A filosofia política de Tolstói também sofreu influência de uma visita feita em março de 1861 ao libertário Pierre-Joseph Proudhon, que se encontrava exilado em Bruxelas. Tolstói cedeu a Proudhon o título de sua magnum opus à obra La Guerre et la Paix, a qual ajudou a revisar. Sobre a experiência, ele escreveu:
"Proudhon (...) foi o homem que entendeu o significado da educação e da imprensa de nosso tempo".
Entusiasmado com a experiência, ele retornou à Iasnaia Poliana onde fundou 13 escolas para crianças de camponesas que acabavam de ser emancipadas pela reforma de 1861. Tolstói descreveu os princípios educacionais em seu ensaio The School at Yasnaya Polyana (1862). No entanto, suas experiências pedagógicas duraram pouco por conta do assédio imposto pela polícia secreta czarista. Tolstói pode ser considerado o precursor da liberdade na educação escolar, além de ser pioneiro na aplicação teórica da gestão democrática nas escolas.


2. Vida pessoal

Em 23 de setembro de 1862, Tolstói se casou com Sophia Andreevna Behrs, filha de um médico da corte. Eles tiveram 13 filhos, oito dos quais chegaram à vida adulta:

Sophia, esposa de Tolstói, com sua filha Alexandra Tolstaya.

  • Conde Sergei Lvovich Tolstói (10 de julho de 1863 - 23 de dezembro de 1947), compositor e etnomusicologista
  • Condessa Tatyana Lvovna Tolstaya (4 de outubro de 1864 - 21 de setembro de 1950), esposa de Mikhail Sergeevich Sukhotin
  • Conde Ilya Lvovich Tolstoy (22 de maio de 1866 - 11 de dezembro de 1933), escritor
  • Conde Lev Lvovich Tolstói (1 de junho de 1869 - 18 de outubro de 1945), escritor e escultor
  • Condessa Maria Lvovna Tolstaya (1871-1906), esposa de Nikolai Leonidovich Obolensky
  • Conde Pedro Lvovich Tolstói (1872-1873), morreu na infância
  • Conde Nikolai Lvovich Tolstói (1874-1875), morreu na infância
  • A condessa Varvara Lvovna Tolstaya (1875-1875) morreu na infância
  • Conde Andrei Lvovich Tolstói (1877-1916), soldado na Guerra Russo-Japonesa
  • Conde Michael Lvovich Tolstoy (1879-1944)
  • Conde Alexei Lvovich Tolstói (1881-1886)
  • Condessa Alexandra Lvovna Tolstaya (18 de julho de 1884 - 26 de setembro de 1979)
  • Conde Iván Lvovich Tolstói (1888-1895)

De início, o casamento com Sophia foi marcado pela intensidade sexual e insensibilidade emocional. Na véspera de seu casamento, Tolstói entregou a sua noiva seu diário pessoal, que detalhava toda sua intensa vida sexual anterior a seu noivado. Os relatos incluíam o fato de ele ter tido um filho com uma de suas empregadas. Ainda assim, o casamento foi afortunado e proporcionou a Tolstói liberdade e estrutura familiar que o ajudaram a escrever as obras Guerra e Paz e Anna Karenina com Sophia atuando como sua secretária pessoal, editora e gerente financeira.


No entanto o casamento foi deteriorando à medida que o estilo de vida e as crenças de Tolstói tornavam-se mais radicais. Por conta de seu estilo de vida, ele rejeitou sua herança, incluindo os direitos autorais de suas obras.


A família Tolstoy deixou a Rússia após a Revolução Russa de 1905. Os descendentes de Liev Tolstói vivem hoje espalhados pela Suécia, Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos. Entre eles estão a cantora sueca Viktoria Tolstoy e o empresário sueco Christopher Paus.


3. Novelas e trabalhos ficcionais

Tolstói é um dos gigantes da literatura russa; entre suas obras destacam-se as novelas Guerra e Paz, Anna Karenina, Hadji Murad e A Morte de Ivan Ilitch. Seus contemporâneos prestaram-lhe diversas homenagens. Fiodor Dostoievski o classificou como o maior romancista de sua época. Gustave Flaubert, ao ler uma tradução de Guerra e Paz, exclamou: "Que artista e que psicólogo!" Anton Chekhov, que muitas vezes visitou Tolstói em sua propriedade rural, escreveu: "Quando a literatura possui um Tolstói, torna-se fácil e agradável ser escritor, mesmo quando você sabe que não foi bem-sucedido e que continuará fracassando. Isso não soa tão terrível, pois Tolstói já foi bem-sucedido o suficiente por todos nós”. O poeta e crítico britânico Matthew Arnold opinou que "um romance de Tolstói não é uma obra de arte, mas um pedaço de vida".


Críticos e romancistas contemporâneos continuam a desfrutar do legado e da arte de Tolstói. Virginia Woolf o nomeou como "o maior de todos os romancistas". James Joyce observou que: "Ele nunca é maçante, estúpido, cansativo, pedante ou teatral!". Thomas Mann elogiou a arte aparentemente inocente de Tolstói: "Raramente a arte trabalhou tanto quanto a natureza". Tais sentimentos foram compartilhados por Proust, Faulkner e Nabokov. O último empilhou superlativos sobre A Morte de Ivan Ilitch e Anna Karenina; mas questionou, no entanto, a reputação de Guerra e Paz, e criticou duramente A Ressurreição e A Sonata a Kreutzer.
As primeiras obras de Tolstói, as novelas autobiográficas Infância, Meninas e Jovens (1852-1856), narram a história de um filho de um rico proprietário e a sua lenta percepção do abismo social o separava de seus empregados camponeses. Embora mais tarde ele tenha rejeitado essas novelas, classificando-as como sentimental, grande parte da vida de Tolstói é revelada nessas primeiras obras. Elas se mantêm como contos universais relevantes a respeito do tema crescimento.


Tolstói serviu como segundo tenente em um regimento de artilharia durante a Guerra da Crimeia, experiência narrada em Crônicas de Sebastopol. As experiências na batalha ajudaram a fomentar seu pacifismo e lhe deram material para a descrição realística dos horrores da guerra em trabalhos posteriores.
Seu estilo ficcional tenta sempre transmitir de maneira realista a sociedade russa na qual ele viveu; Os cossacos (1863) descreve a vida cossaca por da história de um aristocrata russo apaixonado por uma menina cossaca. Anna Karenina (1877) conta histórias paralelas de uma mulher adúltera presa pelas convenções e falsidades da sociedade adúltera, que sai da casa do marido para viver com o amante, Conde Vronsky, oficial da cavalaria. Tolstói não só exprimiu de suas próprias experiências, mas também criou personagens à sua imagem, tal como Pierre Bezukhov, o Príncipe Andrei de Guerra e Paz, Levin de Anna Karenina e até certo ponto, o príncipe Nekhlyudov de A Ressurreição.
Sua magnum opus Guerra e Paz é majoritariamente reconhecida como a maior obra de literatura do Século XIX e unanimemente a maior obra da literatura russa. Escrita entre 1865 e 1869, a novela narra a história de cinco famílias que lutam durante a invasão da Rússia pelas tropas Napoleônicas. Tolstói criou 580 personagens, algumas históricas, outras ficcionais. A ideia original de Tolstói era investigar as causas da Revolta Dezembrista, a que se refere apenas nos últimos capítulos. A novela acabou explorando, no entanto, a teoria da história de Tolstói e, em particular, a insignificância de indivíduos como Napoleão e Alexandre I da Rússia. Surpreendentemente, Tolstói não considerou Guerra e a Paz uma novela (nem considerava que muitas das grandes ficções russas escritas na época eram romances). Tal visão torna-se menos surpreendente quando levado em conta o fato de que Tolstói era um romancista da escola realista e, portanto, considerava o romance um quadro para o exame de questões sociais e políticas. No entanto, Tolstói passou a considerar Guerra e Paz uma prosa épica, fato que a desqualificou como análise social. Sendo assim, ele considerou Anna Karenina sua primeira novela verdadeira.
Depois de Anna Karenina, Tolstói concentrou-se em temas cristãos, e seus romances posteriores, como A Morte de Ivan Ilitch (1886) e O que deve ser feito? (1899) desenvolvem uma filosofia anarco cristã radical, fato que levou à sua excomunhão da Igreja Ortodoxa Russa em 1901. Por toda a comoção ocasionada em cima de Anna Karenina e Guerra e Paz, Tolstói rejeitou as duas obras mais tarde, classificando-as como “obras que não retratavam a verdade”.
Em sua última novela A Ressurreição (1899), Tolstói expõe a injustiça das leis feitas pelo homem e a hipocrisia da igreja institucionalizada. Tolstói também explora e explica a filosofia econômica do Georgismo, da qual ele se tornou um forte defensor pelo resto de sua vida.


4. Filosofia religiosa e política

Tolstói vestido com roupas camponesas, por Ilya Repin (1901)

Depois de ler O Mundo como Vontade e Representação de Arthur Schopenhauer, Tolstói converteu-se gradualmente à moral ascética. Para ele, esse seria o caminho espiritual ideal a ser traçado pela alta-classe.
“Estou convencido de que Schopenhauer é o mais genial dos homens. (…) Ao lê-lo não posso compreender como o seu nome pôde permanecer desconhecido. A única explicação possível é a que ele mesmo repete tantas vezes, de que há quase só idiotas no mundo.”
No capítulo VI de A Confissão, Tolstói citou o último parágrafo do trabalho de Schopenhauer. Nele, Schopenhauer explica como o nada que resulta da completa "negação de si mesmo" é apenas um nada relativo, e, portanto, não deve ser temido. O romancista ficou impressionado com a descrição da renúncia ascética cristã, budista e hindu como o caminho da santidade. Depois de ler essas passagens, que são abundantes nos capítulos éticos de Schopenhauer, o nobre russo escolheu a pobreza e a negação formal da vontade:
“Já encontramos um caminho para o ascetismo, ou negação do querer propriamente dito, entendendo eu por tal expressão precisamente aquilo que o Evangelho chama renunciar a si mesmo e levar a própria cruz (Mateus XVI). Tal caminho se acentuou sempre mais e deu origem aos penitentes, aos anacoretas e ao estado monacal, que, puro e santo primeiro, e, portanto, fora de proporção com a natureza da maior parte dos homens, não podia conduzir senão à hipocrisia e à abominação, porque abusus optimi, pessimus (torna-se péssimo o abuso do ótimo). Desenvolvendo-se o cristianismo, vemos este embrião ascético germinar e atingir o florescimento nos escritos dos santos e dos místicos cristãos. Estes, além do mais puro amor, pregam a resignação absoluta, a pobreza voluntária, a verdadeira calma, a completa indiferença pelas coisas da terra, o dever de morrer para a vontade e de renascer em Deus, o olvido total da própria pessoa para a absorção na contemplação do Senhor.”
"Assim, Sidarta Gautama nasceu um príncipe, mas voluntariamente passou a viver como mendigo; e Francisco de Assis, o fundador das ordens mendicantes que, foi criado numa redoma, e poderia escolher dentre qualquer filha de qualquer nobre. No entanto, quando lhe fora perguntado 'Agora, Francisco, você não vai fazer sua escolha agora dessas beldades?' ele: 'Eu fiz uma escolha muito mais bonita!' 'Qual?' 'La povertà (a pobreza)': depois disso ele abandonou tudo e perambulou pela terra como um mendicante."
Em 1884, Tolstói escreveu o livro No que eu acredito, no qual confessou abertamente suas crenças cristãs. Ele afirmou sua crença nos ensinamentos de Jesus Cristo e foi particularmente influenciado pelo Sermão da Montanha. Tolstói interpretou o “Ofereça a outra face” como um mandamento de não-resistência ao mal pela força, configurando, assim, uma doutrina de pacifismo e não-violência. Em seu trabalho O reino de Deus está em vós, ele explica que considerou equivocada a doutrina da Igreja pois, em sua visão, eles corromperam os ensinamentos de Cristo. Tolstói também recebeu cartas de quakers americanos que compartilhavam pensamentos de outros pacifistas americanos, tal como George Fox e William Penn. Tolstói achava que o pacifismo era uma obrigação cristã. O pacifismo de Tolstói somado a negação de qualquer Estado fizeram Tolstói ser considerado um anarquista.
Mais tarde, várias versões da "Bíblia de Tolstói" foram publicadas, indicando as passagens que Tolstói confiava mais, sobretudo, àquelas que transcreviam as palavras do próprio Jesus.
Tolstói acreditava que um verdadeiro cristão poderia encontrar a felicidade duradoura esforçando-se para atingir a autoperfeição interior, seguindo o mandamento de amar o próximo e a Deus. Ele privilegia a busca pessoal em detrimento da Igreja ou do Estado. Sua crença na não-resistência quando enfrentada pelo conflito é outro fundamento baseado nos ensinamentos de Cristo. Ao influenciar diretamente Mahatma Gandhi com essa ideia através de seu trabalho O Reino de Deus está dentro de vós, a influência de Tolstói sobre o movimento de resistência não-violenta ressoa até os dias atuais. Ele acreditava que a aristocracia era um fardo para os pobres e que a única solução para o problema social estaria no anarquismo.
Ele também se opôs à propriedade privada e à propriedade de terra, bem como à instituição do casamento e valorizou os ideais de castidade e abstinência sexual. Essas ideais foram colocadas em prática pelo jovem Gandhi.
Tolstói teve uma profunda influência no desenvolvimento do pensamento anarquista cristão. Os Tolstóianos surgiram como um pequeno grupo anarquista, criado por Vladimir Chertkov, para difundir os ensinamentos religiosos de Tolstói. O filósofo Peter Kropotkin escreveu no artigo sobre o anarquismo na Enciclopédia Britânica de 1911:

Sem nomear-se anarquista, Leo Tolstói, assim como seus predecessores dos movimentos religiosos populares dos séculos XV e XVI, Chojecki, Denk, optou pela posição anarquista no que diz respeito aos direitos de propriedade em face ao Estado, deduzindo suas conclusões do espírito geral dos ensinamentos do Cristo. Com todo o poder de seu talento, ele fez (especialmente em O Reino de Deus está em vós) uma crítica poderosa à igreja, ao estado e às leis, e especialmente às leis de propriedade. Ele descreveu o estado como a dominação dos ímpios, apoiados em uma força brutal. Os ladrões, diz ele, são muito menos perigosos do que um governo bem organizado. Ele fez uma crítica aos benefícios conferidos aos homens pela igreja, pelo Estado e pela distribuição da propriedade e, a partir dos ensinamentos do Cristo, ele formulou a regra da não-resistência bem como a condenação absoluta de todas as guerras. Seus argumentos religiosos são, contudo, tão bem combinados com argumentos observados a partir dos males de sua época, que o anarquismo de suas obras atrai a atenção tanto o leitor religioso quanto o leitor não-religioso.

Durante o Levante dos Boxers na China, Tolstói apoiou os Boxers. Ele fez duras críticas às atrocidades cometidas pela Aliança das Oito Nações, composta de 20 mil soldados russos, americanos, britânicos, franceses, japoneses, alemães, do Império Austro-Húngaro e italianos. Quando soube dos estupros, saques e excessos cometidos pela tropa que foi enviada para ocupar a sede imperial, Tolstói acusou os monarcas Nicolau II da Rússia e Guilherme II da Alemanha como responsáveis diretos pelas atrocidades. Durante essa época, Tolstói correspondeu-se com o intelectual chinês Gu Hongminge e o aconselhou para que China permanecesse uma nação agrária, advertindo-o contra as reformas, como as implementadas pelo Japão.
A intervenção russo-americana no Levante dos Boxers foi denunciada por Tolstói, bem como os conflitos nas Filipinas pela América. Ele usou palavras terríveis para descrever a injustiça e crueldade impostas pela intervenção czarista. Durante essa época, aproximou-se das obras de Confúcio e Lao Tsé. Ele escreveu uma epístola para o povo Chinês como parte da crítica à guerra organizada por intelectuais russos. As operações russas na China capitaneadas por Nicolau II foram descritas por ele em uma carta aberta em 1902. Gu Hongming, junto de Tolstói, também se opôs à Reforma dos Cem Dias de Kang Youwei. A ideologia da não-violência modificou o pensamento sociedade chinesa, influenciando nos estudos futuros do socialismo do país.
Tolstói reiterou as críticas anarquistas ao Estado em centenas de ensaios escritos nos últimos 20 anos de sua vida. Ele recomendou livros de Kropotkin e Proudhon aos seus leitores, ao passo que condenou as propagandas pelos atos, de origem anarquista.. No ensaio de 1900, Sobre o Anarquismo, ele escreveu; "Os anarquistas estão certos em tudo, na negação da ordem existente e na afirmação de que, sem autoridade, não poderia haver pior violência do as impostas pelas autoridades atuais. Contudo eles estão enganados se pensam que a anarquia pode ser instituída por meio de uma revolução. Ele será instituído apenas quando houver mais e mais pessoas que não exigem a proteção do poder governamental.... Deve haver apenas uma revolução permanente – a moral: a regeneração do homem interior ". Apesar de suas discordâncias em relação à violência anarquista, Tolstói circulou publicações proibidas de pensadores anarquistas na Rússia, e revisou o texto de Words of a Rebel, obra de Kropotkin ilegalmente publicada em São Petersburgo no ano de 1906.
Entusiasmado com o pensamento econômico de Henry George, incorporou-o em obras posteriores como A Ressurreição (1899), livro que o levou a ser excomungado. Em 1908, Tolstói escreveu a Carta ao Hindu, descrevendo sua crença de não-violência como um meio para que a Índia ganhasse a independência do domínio britânico. Em 1909, Gandhi leu uma cópia da carta e tornou-se um ativista. A carta de Tolstói foi impactante para Gandhi, que passou a se corresponder frequentemente com o autor russo. Gandhi apelidou Tolstói de "o maior apóstolo da não-violência que a modernidade produziu". A correspondência entre os dois durou apenas um ano, de outubro de 1909 até a morte de Tolstói, em novembro de 1910. Esse fato levou Gandhi a batizar sua fazenda na África do Sul de “Tolstoy”. Além da resistência não-violenta, Gandhi e Tolstói compartilharam outra crença: o vegetarianismo.


Tolstói também se tornou um grande defensor do movimento esperanto. Tolstói ficou impressionado com as crenças pacifistas dos Doukhobors e denunciou a perseguição imposta a ele à comunidade internacional. Ele ajudou os Doukhobors a migrarem para o Canadá. Em 1904, durante a Guerra Russo-Japonesa, Tolstói condenou a batalha, escrevendo ao sacerdote budista japonês Soyen Shaku em uma tentativa fracassada de conciliação. No final de sua vida, Tolstói passou a se ocupar cada vez mais da teoria econômica e da filosofia social de Henry George, o Georgismo. Ele também escreveu o prefácio da obra Problemas sociais de George. Tolstói e George rejeitavam a propriedade privada em formato agrícola bem como a economia planificada comunista. Alguns autores postulam que esse pensamento incorporado por Tolstói foi um afastamento de suas visões anarquistas, uma vez que o Georgismo exige alguma administração central. No entanto, versões anarquistas do Georgismo também foram propostas desde então. O romance A Ressurreição explora seus pensamentos sobre o Georgismo, sugerindo a possibilidade de estabelecer pequenas comunidades como forma de governança local, além de fazer críticas às instituições estatais.


5. Morte


Foto post-mortem de Liev Tolstói sob sua cama, sendo adornado por inúmeras plantas.

Caixão de Tolstói, ainda aberto, sendo transportado para o cortejo fúnebre.

Tolstói morreu em 1910, aos 82 anos de idade. Antes de morrer, sua família dedicava-se a cuidar de sua saúde diariamente. Nos últimos dias, conversou e escreveu sobre a experiência da morte. Renunciando ao estilo de vida aristocrático, deixou sua casa no meio do inverno daquele ano, às escondidas. Sua partida deu-se por conta das crises de ciúmes de sua esposa Sophia. Ela se opôs abertamente a muitos de seus ensinamentos e, nos últimos anos, parecia invejar a dedicação que o marido demonstrava a seus discípulos.
Tolstói morreu de pneumonia, na estação de trem de Astapovo, depois de um dia inteiro de viagem. O mestre da estação acolheu-o em seu apartamento, e seus médicos pessoais foram chamados para socorrê-lo. Tolstói recebeu injeções de morfina e cânfora. A polícia tentou limitar o acesso a sua procissão de funeral, mas milhares de camponeses reuniram-se nas redondezas, pois pensaram que “algum nobre havia morrido”.
Segundo algumas fontes, Tolstói passou as últimas horas de sua vida pregando o amor, a não-violência e o georgismo aos passageiros do trem.


6. Bibliografia

6.1. Livros e novelas

     Infância (1852)
     Adolescência (1854)
     Juventude (1856)
     Felicidade Conjugal (1859)
     Os cossacos (1863)
     Guerra e Paz (1869)
     Anna Karenina (1877)
     A Morte de Ivan Ilitch (1886)
     A Sonata a Kreutzer (1889)
     O Diabo (1889)
     Ressurreição (1899)
     Falso Cupom (1904)
     Hadji Murat (1904)

6.2. Não-ficcionais

     A Confissão (1879)
     Uma Crítica à Teologia Dogmática (1880)
     Uma Curta Exposição do Evangelho (1881)
     Igreja e Estado (1882)
     No que eu acredito (também traduzido como Minha religião (1884)
     O que é para ser feito? (1886)
     Na vida (1887)
     O amor de Deus e do próprio vizinho (1889)
     Por que os homens se intoxicam? (1890)
     O primeiro passo: no vegetarianismo (1892) [2]
     O reino de deus está em vós (1893)
     Não-atividade (1893)
     O significado da recusa do serviço militar (1893)
     Razão e religião (1894)
     Religião e Moralidade (1894)
     Cristianismo e Patriotismo (1894)
     Não-Resistência: carta aberta a Ernest H. Crospy (1896)
     Como ler os evangelhos (1896)
     A Decepção da Igreja (1896)
     Carta aos liberais (1898)
     Ensino Cristão (1898)
     Sobre o Suicídio (1900)
     A escravidão dos nossos tempos (1900)
     Não Matarás (1900)
     Resposta ao Santo Sínodo (1901)
     O Único Caminho (1901)
     Sobre a Tolerância Religiosa (1901)
     O  que é religião e qual é a sua essência? (1902)
     Ao clero ortodoxo (1903)
     Pensamentos de homens sábios (compilação, 1904)
     A Única Necessidade (1905)
     The Grate Sin (1905)
     Um Ciclo de Leitura (compilação; 1906)
     Não matarás (1906)
     Ame-se (1906)
     Um apelo à juventude (1907)
     A Lei do Amor e do Direito da Violência (1908)
     A Revolução Inevitável (1909)
     O único comando (1909)
     Um calendário de sabedoria (1909)

6.3. Contos

     A Invasão (1852)
     Crônicas de Sebastopol (1855-1856)
     A Tempestade de Neve (1856)
     A Manhã do Proprietário (1856)
     Lucerne (1857)
     Albert (1858)
     Três mortes (1859)
     A boneca de porcelana (1863)
     Polikṣshka (1863)
     Deus vê a verdade, mas a espera (1872)
     O Prisioneiro no Cáucaso (1872)
     O caçador de ursos (1872)
     Pelo que os homens vivem? (1881)
     Memórias de um louco (1884)
     Uma faísca não percebida queima a casa (1885)
     Dois Velhos (1885)
     Onde o amor está, Deus está (1885)
     Ivan o Tolo (1885)
     Almas do mal (1885)
     Sabedoria das crianças (1885)
     Ilyas (1885)
     Os Três Hermitas (1886)
     Promovendo um Diabo (1886)
     De quanta Terra um homem precisa? (1886)
     O grão (1886)
     Arrependimento (1886)
     O Filho de Deus (1886)
     Croesus e Fé (1886)
     Uma oportunidade perdida (1889)
     Francoise (1892)
     Uma conversa entre pessoas ociosas (1893)
     Ande pela luz enquanto há luz (1893)
     O Café da Surrat (1893)
     Mestre e Homem (1895)
     Caro demais (1897)
     Padre Sergius (1898)
     Esarhaddon, rei da Assíria (1903)
     Trabalho, Morte e Doença (1903)
     Três Perguntas (1903)
     Depois da bola (1903)
     Divino e Humano (1906)
     Pelo que? (1906)




sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Feliz Natal e um Grande 2022


Os tempos andam estranhos, guerras invisíveis, desamor, confusão, caos, irmão brigando com irmão gerando discórdias e afastamentos.
Amizades são destruídas por não se aceitar o contraditório.
A verdade nunca foi tão distorcida como nos tempos atuais, e em parte isso contribui em muito para a instalação e manutenção desse caos em que nos colocamos.
A natureza é diariamente atacada por grandes impérios que o fazem única e exclusivamente com o objetivo de aumentar o seu poder, estendendo-o, se puder, para todo o mundo.
Triste fim será o deles, a justiça de Deus é implacável para aqueles que usam mau o seu poder.
A história da humanidade já viu isso acontecer várias vezes, impérios cresceram e desapareceram na mesma velocidade, mas parece que ainda não aprendemos e não nos apercebemos o quanto isso nos trará de dor e sofrimento.
Esse caminho se faz ao contrário daquele que foi dito pelo Nosso Mestre Jesus, o objeto das festividades que se avizinham.
Incrivelmente nós ainda escolhemos o Barrabás!
Nós inda não entendemos uma palavra sequer do que Ele nos disse.
A cultura nunca foi tão vilipendiada como atualmente, todo o legado cultural dos grandes vultos da humanidade estão sendo “queimados” da mente de nossos jovens, os quais estão cada vez maior do grande legado cultura que se encontra a nossa disposição.
Com isso a juventude se torna vazia e frágil, uma pena!
Mas eu acredito que isso terá um fim, a partir do qual tudo voltará ao seu curso normal, a família voltará a se reunir em torno de uma mesa e conversar olhando nos olhos um do outro, que o amor será verdadeiro, e que lágrimas escorrerão dos olhos quando algum amigo tiver sucesso em seu empreendimento.
Nesse momento, o Mestre Jesus que de onde ele se localiza nos acompanha incessantemente também deixará escorrer algumas lágrimas de seus olhos e feliz dirá: que suas vidas sigam à Luz de Deus e que vocês sejam felizes por toda a eternidade.


Walter lp Possibom

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Alexandre Dumas




Alexandre Dumas, nascido Dumas Davy de la Pailleterie, 24 de julho de 1802 - 5 de dezembro de 1870, também conhecido como Alexandre Dumas père (onde père significa"pai" em francês, para distingui-lo de seu filho Alexandre Dumas fils, foi um escritor francês. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas e ele é um dos autores franceses mais lidos. Muitos de seus romances históricos de alta aventura foram publicados originalmente como séries, incluindo O Conde de Monte Cristo, Os Três Mosqueteiros, Vinte Anos Depois e O Visconde de Bragelonne: Dez Anos Depois. Seus romances foram adaptados desde o início do século XX em quase 200 filmes.
Prolífico em vários gêneros, Dumas iniciou sua carreira escrevendo peças teatrais, que foram produzidas com sucesso desde o início. Ele também escreveu vários artigos para revistas e livros de viagens; seus trabalhos publicados totalizaram 100.000 páginas. Na década de 1840, Dumas fundou o Théâtre Historique em Paris.

Théâtre Historique em Paris

Seu pai, o general Thomas-Alexandre Dumas Davy de la Pailleterie, nasceu na colônia francesa de Saint-Domingue (atual Haiti) filho de Alexandre Antoine Davy de la Pailleterie, um nobre francês, e Marie-Cessette Dumas, uma escrava africana. Aos 14 anos, Thomas-Alexandre foi levado por seu pai para a França, onde foi educado em uma academia militar e ingressou no serviço militar para o que se tornou uma carreira ilustre.
A posição aristocrática do pai de Dumas ajudou o jovem Alexandre a adquirir trabalho com Louis-Philippe, duque de Orléans, então como escritor, uma carreira que o levou a um sucesso precoce. Décadas mais tarde, após a eleição de Luís Napoleão Bonaparte em 1851, Dumas caiu em desgraça e trocou a França pela Bélgica, onde permaneceu por vários anos, depois mudou-se para a Rússia por alguns anos antes de ir para a Itália. Em 1861, fundou e publicou o jornal L'Indépendent, que apoiava a unificação italiana, antes de retornar a Paris em 1864.
Embora casado, na tradição dos franceses de classe social mais elevada, Dumas teve vários casos (supostamente até 40). Ele era conhecido por ter tido pelo menos quatro filhos ilegítimos, embora os estudiosos do século XX acreditem que foram sete. Ele reconheceu e ajudou seu filho, Alexandre Dumas, a se tornar um romancista e dramaturgo de sucesso. Eles são conhecidos como Alexandre Dumas père ('pai') e Alexandre Dumas fils ('filho'). Entre seus casos, em 1866, Dumas teve um com Adah Isaacs Menken, uma atriz americana que tinha menos da metade de sua idade e estava no auge da carreira.
O dramaturgo inglês Watts Phillips, que conheceu Dumas mais tarde, descreveu-o como "o ser mais generoso do mundo. Ele também era a criatura mais divertida e egoísta da face da terra. Sua língua era como um moinho de vento - uma vez posto em movimento, você nunca sabia quando ele iria parar, especialmente se o tema fosse ele mesmo. "


1. Vida pregressa

Dumas Davy de la Pailleterie (mais tarde conhecido como Alexandre Dumas) nasceu em 1802 em Villers-Cotterêts, no departamento de Aisne, na Picardia, França. Ele tinha duas irmãs mais velhas, Marie-Alexandrine (nascida em 1794) e Louise-Alexandrine (1796-1797). Seus pais eram Marie-Louise Élisabeth Labouret, filha de um estalajadeiro, e Thomas-Alexandre Dumas.
Thomas-Alexandre nascera na colônia francesa de Saint-Domingue (atual Haiti), mestiço filho natural do marquês Alexandre Antoine Davy de la Pailleterie, nobre francês e comissário geral na artilharia da colônia, e Marie-Cessette Dumas, uma mulher escravizada de ascendência afro-caribenha. Na época do nascimento de Thomas-Alexandre, seu pai era pobre. Não se sabe se sua mãe nasceu em Saint-Domingue ou na África, nem se sabe de onde vieram seus ancestrais africanos.

Villers-Cotterêts na Picardia onde Alexandre Dumas nasceu

Trazido quando menino para a França por seu pai e legalmente libertado lá, Thomas-Alexandre Dumas Davy foi educado em uma escola militar e ingressou no exército quando jovem. Já adulto, Thomas-Alexandre usou o sobrenome da mãe, Dumas, após um rompimento com o pai. Dumas foi promovido a general aos 31 anos, o primeiro soldado de origem Afro-Antilhas a alcançar esse posto no exército francês.


2. Carreira

Enquanto trabalhava para Louis-Philippe, Dumas começou a escrever artigos para revistas e peças de teatro. Quando adulto, ele usou o sobrenome de sua avó escrava, Dumas, como seu pai fizera quando adulto. Sua primeira peça, Henry III and His Courts, produzida em 1829 quando ele tinha 27 anos, foi aclamada. No ano seguinte, sua segunda peça, Christine, foi igualmente popular. Esses sucessos lhe deram renda suficiente para escrever em tempo integral.
Em 1830, Dumas participou da Revolução que depôs Carlos X e o substituiu pelo ex-empregador de Dumas, o Duque de Orléans, que governou como Luís Filipe, o Rei Cidadão. Até meados da década de 1830, a vida na França permaneceu instável, com distúrbios esporádicos de republicanos descontentes e trabalhadores urbanos empobrecidos em busca de mudança. À medida que a vida lentamente voltava ao normal, a nação começou a se industrializar. A melhora da economia combinada com o fim da censura da imprensa tornou os tempos gratificantes para as habilidades literárias de Alexandre Dumas.
Depois de escrever outras peças de sucesso, Dumas passou a escrever romances. Embora atraído por um estilo de vida extravagante e sempre gastando mais do que ganhava, Dumas provou ser um comerciante astuto. Como os jornais estavam publicando muitos romances em série. Seu primeiro romance em série foi La Comtesse de Salisbury; Édouard III (julho-setembro de 1836). Em 1838, Dumas reescreveu uma de suas peças como um romance em série de sucesso, Le Capitaine Paul.

La Comtesse de Salisbury

Ele fundou um estúdio de produção, composto por escritores que produziram centenas de histórias, todas sujeitas à sua direção pessoal, edição e acréscimos. De 1839 a 1841, Dumas, com a ajuda de vários amigos, compilou Crimes Celebrados, uma coleção de oito volumes de ensaios sobre criminosos e crimes famosos da história europeia. Ele apresentou Beatrice Cenci, Martin Guerre, Cesare e Lucrezia Borgia, bem como eventos e criminosos mais recentes, incluindo os casos dos supostos assassinos Karl Ludwig Sand e Antoine François Desrues, que foram executados. Dumas colaborou com Augustin Grisier, seu mestre de esgrima, em seu romance de 1840, O mestre de esgrima. A história é escrita como o relato de Grisier de como ele testemunhou os eventos da revolta dezembrista na Rússia. O romance acabou sendo proibido na Rússia pelo CzarNicolau I e Dumas foram proibidos de visitar o país até depois da morte do Czar. Dumas refere-se a Grisier com grande respeito em O conde de Monte Cristo, Os irmãos da Córsega e em suas memórias.
Dumas dependia de numerosos assistentes e colaboradores, dos quais Auguste Maquet era o mais conhecido. Foi só no final do século XX que seu papel foi totalmente compreendido. Dumas escreveu o curta-metragem Georges (1843), que usa ideias e tramas posteriormente repetidas em O Conde de Monte Cristo. Maquet levou Dumas ao tribunal para tentar obter reconhecimento autoral e uma taxa de pagamento mais alta por seu trabalho. Ele teve sucesso em conseguir mais dinheiro, mas não uma assinatura.
Os romances de Dumas eram tão populares que logo foram traduzidos para o inglês e outras línguas. Seus escritos lhe rendiam muito dinheiro, mas freqüentemente ficava insolvente, pois gastava muito com mulheres e uma vida suntuosa. (Os estudiosos descobriram que ele tinha um total de 40 amantes. Em 1846, ele construiu uma casa de campo fora de Paris em Le Port-Marly, o grande Château de Monte-Cristo, com um prédio adicional para seu estúdio de escrita. Freqüentemente, ficava cheio de estranhos e conhecidos que ficavam para longas visitas e se aproveitavam de sua generosidade. Dois anos depois, enfrentando dificuldades financeiras, ele vendeu toda a propriedade.

Château de Monte-Cristo em Le Port-Marly

Dumas escreveu em uma ampla variedade de gêneros e publicou um total de 100.000 páginas em sua vida. Ele também fez uso de sua experiência, escrevendo livros de viagens após fazer viagens, incluindo aquelas motivadas por outras razões que não o prazer. Dumas viajou para Espanha, Itália, Alemanha Inglaterra e Argélia Francesa. Depois que o rei Luís Filipe foi deposto em uma revolta, Luís Napoleão Bonaparte foi eleito presidente. Como Bonaparte desaprovou o autor, Dumas fugiu em 1851 para Bruxelas, na Bélgica, o que também foi um esforço para escapar de seus credores. Por volta de 1859, ele se mudou para a Rússia, onde o francês era a segunda língua da elite e seus escritos eram enormemente populares. Dumas passou dois anos na Rússia e visitou São Petersburgo, Moscou, Kazan, Astrakhan e Tbilisi, antes de partir em busca de outras aventuras. Ele publicou livros de viagens sobre a Rússia.
Em março de 1861, o reino da Itália foi proclamado, com Victor Emmanuel II como seu rei. Dumas viajou para lá e pelos três anos seguintes participou do movimento pela unificação italiana. Fundou e dirigiu um jornal, o Indipendente. Enquanto estava lá, ele fez amizade com Giuseppe Garibaldi, a quem ele admirava por muito tempo e com quem compartilhava um compromisso com os princípios republicanos liberais, bem como membro da Maçonaria. Retornando a Paris em 1864, ele publicou livros de viagens sobre a Itália.
Apesar da origem aristocrática e do sucesso pessoal de Dumas, ele teve que lidar com a discriminação relacionada à sua ascendência mestiça. Em 1843, ele escreveu um pequeno romance, Georges, que abordava algumas das questões raciais e os efeitos do colonialismo. Sua resposta a um homem que o insultou por causa de sua ascendência africana parcial tornou-se famosa. Dumas disse:
Meu pai era mulato, meu avô era negro e meu bisavô um macaco. Veja, senhor, minha família começa onde a sua termina.


3. Vida pessoal

Em 1 de fevereiro de 1840, Dumas casou-se com a atriz Ida Ferrier (nascida Marguerite-Joséphine Ferrand) (1811-1859). [20] Ele teve inúmeras ligações com outras mulheres e era conhecido por ter gerado pelo menos quatro filhos com elas:

• Alexandre Dumas, fils (1824–1895), filho de Marie-Laure-Catherine Labay (1794–1868), uma costureira. Ele se tornou um romancista e dramaturgo de sucesso.

• Marie-Alexandrine Dumas (1831–1878), filha de Belle Krelsamer (1803–1875).

• Micaëlla-Clélie-Josepha-Élisabeth Cordier (nascida em 1860), filha de Emélie Cordier.

• Henry Bauer, filho de uma mulher cujo sobrenome era Bauer.

Ida Ferrier

Por volta de 1866, Dumas teve um caso com Adah Isaacs Menken, uma conhecida atriz americana. Ela havia desempenhado seu papel sensacional na Mazeppa em Londres. Em Paris, ela teve uma temporada esgotada de Les Pirates de la Savanne e estava no auge de seu sucesso.
Essas mulheres estavam entre as quase 40 amantes de Dumas encontradas pelo estudioso Claude Schopp, além de três filhos naturais.
Junto com Victor Hugo, Charles Baudelaire, Gérard de Nerval, Eugène Delacroix e Honoré de Balzac, Dumas era membro do Club des Hashischins, que se reunia mensalmente para levar haxixe em um hotel em Paris. O conde de Monte Cristo, de Dumas, contém várias referências ao haxixe.


4. Morte e legado

Em 5 de dezembro de 1870, Dumas morreu aos 68 anos de causas naturais, possivelmente um ataque cardíaco. Quando morreu, em dezembro de 1870, Dumas foi sepultado em sua cidade natal, Villers-Cotterêts, no departamento de Aisne. Sua morte foi ofuscada pela Guerra Franco-Prussiana. Mudar a moda literária diminuiu sua popularidade. No final do século XX, estudiosos como Reginald Hamel e Claude Schopp causaram uma reavaliação crítica e uma nova apreciação de sua arte, além de encontrar obras perdidas.
Em 1970, a estação de metrô Alexandre Dumas Paris foi batizada em sua homenagem. Sua casa de campo fora de Paris, o Château de Monte-Cristo, foi restaurada e está aberta ao público como um museu.

Túmulo de Alexandre Dumas

Os pesquisadores continuaram a encontrar trabalhos de Dumas em arquivos, incluindo a peça de cinco atos, The Gold Thieves, encontrada em 2002 pelo estudioso Réginald Hamel na Bibliothèque Nationale de France. Foi publicado na França em 2004 pela Honoré-Champion.
Frank Wild Reed (1874–1953), um farmacêutico da Nova Zelândia que nunca visitou a França, reuniu a maior coleção de livros e manuscritos relacionados a Dumas fora da França. A coleção contém cerca de 3.350 volumes, incluindo cerca de 2.000 folhas com a caligrafia de Dumas e dezenas de primeiras edições em francês, belga e inglês. A coleção foi doada às Bibliotecas de Auckland após sua morte. [24] Reed escreveu a bibliografia mais abrangente de Dumas.
Em 2002, para o bicentenário do nascimento de Dumas, o presidente francês Jacques Chirac realizou uma cerimônia em homenagem ao autor, fazendo com que suas cinzas fossem enterradas novamente no mausoléu do Panteão de Paris, onde muitos luminares franceses foram enterrados. Quando o presidente Jacques Chirac ordenou a transferência para o mausoléu, os moradores da cidade natal de Dumas, Villers-Cotterets, inicialmente se opuseram à transferência, dizendo que Dumas expôs em suas memórias que queria ser enterrado lá. A vila acabou cedendo à decisão do governo, e o corpo de Dumas foi exumado de seu cemitério e colocado em um novo caixão em preparação para a transferência. O processo foi televisionado: o novo caixão foi envolto em um pano de veludo azul e carregado em um caixão flanqueado por quatro guardas republicanos montados vestidos como os quatro mosqueteiros. Foi transportado através de Paris até o Panteão. Em seu discurso, o presidente Chirac disse:
Com você, éramos D'Artagnan, Monte Cristo ou Balsamo, cavalgando pelas estradas da França, percorrendo campos de batalha, visitando palácios e castelos - com você, nós sonhamos. [28]
Chirac reconheceu o racismo que existiu na França e disse que o re-enterro no Panteão foi uma forma de corrigir esse erro, uma vez que Alexandre Dumas foi consagrado ao lado dos grandes autores Victor Hugo e Émile Zola. Chirac observou que, embora a França tenha produzido muitos grandes escritores, nenhum foi tão amplamente lido como Dumas. Seus romances foram traduzidos para quase 100 idiomas. Além disso, eles inspiraram mais de 200 filmes.
Em junho de 2005, o último romance de Dumas, O Cavaleiro de Sainte-Hermine, foi publicado na França com a Batalha de Trafalgar. Dumas descreveu um personagem fictício matando Lord Nelson (Nelson foi baleado e morto por um atirador desconhecido). Escrevendo e publicando o romance em série em 1869, Dumas quase o terminou antes de sua morte. Foi a terceira parte da trilogia Sainte-Hermine.

O Conde de Monte Cristo

Claude Schopp, um estudioso de Dumas, notou uma carta em um arquivo em 1990 que o levou a descobrir a obra inacabada. Levou anos para pesquisar, editar as partes concluídas e decidir como tratar a parte inacabada. Schopp finalmente escreveu os dois capítulos e meio finais, com base nas notas do autor, para completar a história. Publicado pela Éditions Phébus, vendeu 60.000 cópias, tornando-se um best-seller. Traduzido para o Inglês, que foi lançado em 2006 como The Last Cavalier, e foi traduzido para outras línguas.
Desde então, Schopp encontrou material adicional relacionado à saga Sainte-Hermine. Schopp os combinou para publicar a sequência Le Salut de l'Empire em 2008.


5. Trabalho

a) Ficção

a.1. História cristã

• Acté de Corinto; ou, O convertido de São Paulo. um conto da Grécia e de Roma. (1839), um romance sobre Roma, Nero e o cristianismo primitivo.
• Isaac Laquedem (1852-53, incompleto)

a.2. Alta aventura

Alexandre Dumas escreveu inúmeras histórias e crônicas históricas de alta aventura. Eles incluíram o seguinte:

• A Condessa de Salisbury (La Comtesse de Salisbury; Édouard III, 1836), seu primeiro romance em série publicado em volume em 1839.
• Capitão Paul (Le Capitaine Paul, 1838)
• Othon, o Arqueiro (Othon l'archer 1840)
• Capitão Pamphile (Le Capitaine Pamphile, 1839)
• O Mestre de Esgrima (Le Maître d'armes, 1840)
• Castle Eppstein; A Mãe Espectro (Chateau d'Eppstein; Albine, 1843)
• Amaury (1843)
• Os irmãos da Córsega (Les Frères Corses, 1844)
• The Black Tulip (La Tulipe noire, 1850)
• Olympe de Cleves (1851-52)
• Catherine Blum (1853 a 1854)
• Os Moicanos de Paris (Les Mohicans de Paris, 1854)
• Salvator (Salvator. Suite et fin des Mohicans de Paris, 1855-1859)
• The Last Vendee, ou the She-Wolves of Machecoul (Les louves de Machecoul, 1859)
• Sanfelice (1864), ambientado em Nápoles em 1800
• Pietro Monaco, sua moglie Maria Oliverio ed i loro complici, (1864). Um apêndice para Ciccilla por Peppino Curcio

a.3. Fantasia

• O Quebra-nozes (Histoire d'un casse-noisette, 1844): uma revisão da história de Hoffmann O Quebra-Nozes e o Rei do Rato, posteriormente musicada pelo compositor Pyotr Ilyich Tchaikovsky para um balé também chamado O Quebra-Nozes.
• The Pale Lady (1849) Um conto de vampiros sobre uma mulher polonesa que é adorada por dois irmãos muito diferentes.
• O líder do lobo (Le Meneur de loups, 1857). Um dos primeirosromances sobre lobisomem já escritos.

a.4. Romances

a.4.1. Monte cristo

1. Georges (1843): O protagonista deste romance é um homem mestiço, uma rara alusão à própria ascendência africana de Dumas.
2. O conde de Monte Cristo (Le Comte de Monte-Cristo, 1844-46)

a.4.2. Luís XV

1. The Conspirators (Le chevalier d'Harmental, 1843) adaptado por Paul Ferrier para uma opéra comique de 1896de Messager.

2. A filha do regente (Une Fille du régent, 1845). Sequela de The Conspirators.

a.4.3. Os Romances D'Artagnan

Os Romances d'Artagnan:

1. Os três mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires, 1844)

2. Vinte anos depois (Vingt ans après, 1845)

3. O Visconde de Bragelonne, às vezes chamado Dez Anos Depois (Le Visconde de Bragelonne, ou Dix ans plus tard, 1847). Quando publicado em inglês, costumava ser dividido em três partes: O Visconde de Bragelonne, Louise de la Valliere e O Homem da Máscara de Ferro, sendo a última parte a mais conhecida. (Uma terceira sequência, O Filho de Porthos, 1883 (também conhecido como A Morte de Aramis) foi publicada sob o nome de Alexandre Dumas; no entanto, o verdadeiro autor foi Paul Mahalin.)

Os Três Mosqueteiros

a.4.4. Os romances de Valois

Os Valois foram a casa real da França de 1328 a 1589, e muitos romances de Dumas cobrem seu reinado. Tradicionalmente, os chamados "Valois Romances" são os três que retratam o Reinado da Rainha Marguerite, o último dos Valois. Dumas, entretanto, escreveu mais quatro romances que cobrem essa família e retratam personagens semelhantes, começando com Francisco ou Francisco I, seu filho Henrique II, e Marguerite e Francisco II, filhos de Henrique II e Catarina de Médici.

1. La Reine Margot, também publicada como Marguerite de Valois (1845)

2. La Dame de Monsoreau (1846) (mais tarde adaptado como um conto intitulado "Chicot the Jester")

3. Os quarenta e cinco guardas (1847) (Les Quarante-cinq)

4. Ascânio (1843). Escrito em colaboração com Paul Meurice, é um romance de Francisco I (1515–1547), mas o personagem principal é o artista italiano Benvenuto Cellini. A ópera Ascânio foi baseada neste romance.

5. As Duas Dianas (Les Deux Diane, 1846), é um romance sobre Gabriel, o conde de Montgomery, que feriu mortalmente o rei Henrique II e era amante de sua filha, Diana de Castro. Embora publicado sob o nome de Dumas, foi escrito total ou principalmente por Paul Meurice.

6. O Pajem do Duque de Sabóia, (1855) é uma continuação de As Duas Dianas (1846), e cobre a luta pela supremacia entre os Guises e Catarina de Médicis, a mãe florentina dos últimos três reis Valois da França (e esposa de Henrique II). O personagem principal deste romance é Emmanuel Philibert, Duque de Sabóia.

7. O Horóscopo: um romance do reinado de François II (1858), abrange François II, que reinou por um ano (1559-1560) e morreu aos 16 anos.

a.4.5. Os romances de Maria Antonieta

Os romances de Maria Antonieta consistem em oito romances. As versões completas (normalmente 100 capítulos ou mais) compreendem apenas cinco livros (números 1, 3, 4, 7 e 8); as versões curtas (50 capítulos ou menos) totalizam oito:

1. Joseph Balsamo (Mémoires d'un médecin: Joseph Balsamo, 1846–48) (também conhecido como Memórias de um Médico, Cagliostro, Madame Dubarry, A Condessa Dubarry ou O Elixir da Vida). Joseph Balsamo tem cerca de 1000 páginas e é geralmente publicado em dois volumes em traduções para o inglês: Vol 1. Joseph Balsamo e Vol 2. Memoirs of a Physician. A versão longa e não resumida inclui o conteúdo do livro dois, Andrée de Taverney; as versões resumidas curtas costumam ser divididas em Balsamo e Andrée de Taverney como livros completamente diferentes.

2. Andrée de Taverney ou A Vítima do Mesmerist

3. O Colar da Rainha (Le Collier de la Reine, (1849 a 1850)

4. Ange Pitou (1853) (também conhecido como invasão da Bastilha ou Seis anos depois). A partir deste livro, também há versões não resumidas longas que incluem o conteúdo do livro cinco, mas há muitas versões curtas que tratam "O Herói do Povo" como um volume separado.

5. O Herói do Povo

6. The Royal Life Guard ou The Flight of the Royal Family.

7. A Condessa de Charny (La Comtesse de Charny, 1853-1855). Tal como acontece com outros livros, existem longas versões não resumidas que incluem o conteúdo do livro seis; mas muitas versões curtas que deixam o conteúdo em The Royal Life Guard como um volume separado.

8. Le Chevalier de Maison-Rouge (1845) (também conhecido como O Cavaleiro da Casa Vermelha ou O Cavaleiro da Maison-Rouge)

a.4.6. A trilogia Sainte-Hermine

1. The Companions of Jehu (Les Compagnons de Jehu, 1857)

2. Os brancos e os azuis (Les Blancs et les Bleus, 1867)

3. O Cavaleiro de Sainte-Hermine (Le Chevalier de Sainte-Hermine, 1869). O último romance de Dumas, inacabado em sua morte, foi concluído pelo estudioso Claude Schopp e publicado em 2005. [31] Foi publicado em inglês em 2008 como The Last Cavalier.

a.4.7. Robin Hood

1. O Príncipe dos Ladrões (Le Prince des voleurs, 1872, postumamente). Sobre Robin Hood (e a inspiração para o filme de 1948 O Príncipe dos Ladrões).

2. Robin Hood, o Fora da lei (Robin Hood le proscrit, 1873, postumamente). Sequela de Le Prince des voleurs

b) Drama

Embora mais conhecido agora como romancista, Dumas primeiro ganhou fama como dramaturgo. Seu Henri III et sa cour (1829) foi o primeiro dos grandes dramas históricos românticos produzidos no palco de Paris, precedendo o mais famoso Hernani de Victor Hugo (1830). Produzida na Comédie-Française e estrelada pela famosa Mademoiselle Mars, a peça de Dumas foi um enorme sucesso e o lançou em sua carreira. Teve cinquenta apresentações no ano seguinte, extraordinárias na época. Os trabalhos de Dumas incluíram:

• O caçador e o amante (1825)
• O casamento e o funeral (1826)
• Henrique III e sua corte (1829)
• Christine - Estocolmo, Fontainebleau e Roma (1830)
• Napoleão Bonaparte ou trinta anos de história da França (1831)
• Antony (1831) - um drama com um herói byroniano contemporâneo - é considerado o primeiro drama romântico não histórico. Estrelou a grande rival de Marte, Marie Dorval.
• Carlos VII nas casas de seus grandes vassalos (Charles VII chez ses grands vassaux, 1831). Este drama foi adaptado pelo compositor russo César Cui para sua ópera O Sarraceno.
• Teresa (1831)
• La Tour de Nesle (1832), um melodrama histórico
• As memórias de Anthony (1835)
• As Crônicas da França: Isabel da Baviera (1835)
• Kean (1836), baseado na vida do notável ator inglês Edmund Kean. Frédérick Lemaître o interpretou na produção.
• Calígula (1837)
• Miss Belle-Isle (1837)
• As Moças de Saint-Cyr (1843)
• A Juventude de Luís XIV (1854)
• O Filho da Noite - O Pirata (1856) (com Gérard de Nerval, Bernard Lopez e Victor Sejour)
• The Gold Thieves (após 1857): uma peça de cinco atos não publicada. Foi descoberto em 2002 pelo acadêmico canadense Reginald Hamel, que estava pesquisando na Bibliothèque Nationale de France. A peça foi publicada na França em 2004 pela Honoré-Champion. Hamel disse que Dumas foi inspirado por um romance escrito em 1857 por sua amante Célèste de Mogador.
• Dumas escreveu muitas peças e adaptou vários de seus romances como dramas. Na década de 1840, ele fundou o Théâtre Historique, localizado no Boulevard du Temple em Paris. O edifício foi usado depois de 1852 pela Opéra National (fundada por Adolphe Adam em 1847). Foi rebatizado de Théâtre Lyrique em 1851.

c) Não-ficção

Dumas foi um escritor prolífico de não ficção. Ele escreveu artigos sobre política e cultura e livros sobre história francesa.
Seu extenso Grand Dictionnaire de cuisine (Grande Dicionário de Cozinha) foi publicado postumamente em 1873. Uma combinação de enciclopédia e livro de receitas, reflete os interesses de Dumas como gourmet e cozinheiro experiente. Uma versão resumida (o Petit Dictionnaire de cuisine ou Pequeno Dicionário de Cozinha) foi publicada em 1883.
Ele também era conhecido por seus escritos sobre viagens. Esses livros incluíam:

• Impressions de voyage: En Suisse (Travel Impressions: In Switzerland, 1834)
• Une Année à Florence (um ano em Florença, 1841)
• De Paris à Cadix (De Paris a Cadiz, 1847)
• Montevidéu, ou une nouvelle Troie, 1850 (A Nova Tróia), inspirado no Grande Cerco de Montevidéu
• Le Journal de Madame Giovanni (The Journal of Madame Giovanni, 1856)
• Impressões de viagens no Reino de Napoli / Trilogia de Nápoles:
• Impressões de Viagem na Sicília (Le Speronare (Sicília - 1835), 1842
• Captain Arena (Le Capitaine Arena (Itália - Ilhas Eólias e Calábria - 1835), 1842
• Impressões de viagens em Nápoles (Le Corricolo (Roma - Nápoles - 1833), 1843
• Impressões de viagens na Rússia - Le Caucase Edição original: Paris 1859
• Aventuras na Rússia czarista ou de Paris a Astrakhan (Impressions de voyage: En Russie; De Paris à Astrakan: Nouvelles impressions de voyage (1858), 1859-1862
• Viagem ao Cáucaso (Le Caucase: Impressions de voyage; suite de En Russie (1859), 1858-1859
• Os Bourbons de Nápoles (italiano: I Borboni di Napoli, 1862) (7 volumes publicados pelo jornal italiano L'Indipendente, cujo diretor era o próprio Dumas).


6. Dumas Society

O historiador francês Alain Decaux fundou a "Société des Amis d'Alexandre Dumas" (Sociedade dos Amigos de Alexandre Dumas) em 1971. Em agosto de 2017, seu presidente é Claude Schopp. O propósito da criação desta sociedade foi preservar o Château de Monte-Cristo, onde a sociedade está atualmente localizada. Os outros objetivos da Sociedade são reunir fãs de Dumas desenvolver atividades culturais do Château de Monte-Cristo e coletar livros, manuscritos, autógrafos e outros materiais sobre Dumas.


7. Filmes


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